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Santo António: o Santo Casamenteiro que Pôs Lisboa a Dançar (e Portugal a Cantar)

  • Foto do escritor: Mánela Cinco das Três®
    Mánela Cinco das Três®
  • 13 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de jun.



Junho chega e Lisboa não fica indiferente. Começam a surgir manjericos por todo o lado, o cheiro a sardinha invade os bairros e há sempre alguém a cantarolar marchas enquanto bebe sangria em copos de plástico. Mas porquê tanto alarido? A culpa é do dia 13: Santo António, o lisboeta mais famoso de sempre (e um dos santos mais populares do país).


Mas quem era afinal este António?


Antes de se tornar "o Santo", ele era apenas o Fernando. Fernando de Bulhões nasceu em Lisboa em 1195, mais concretamente junto à Sé. No entanto, não permaneceu muito tempo: trocou a capital pelo mundo, tornou-se franciscano, mudou de nome para António e começou a pregar por toda a Itália. Rezava, pregava, fazia milagres e, segundo se diz, até conversava com peixes (porque, por vezes, os humanos não o ouviam... vá-se lá perceber porquê).

Morreu em Pádua, mas continua português. Os lisboetas nunca o esqueceram.


Lisboa e Santo António: uma história de amor


Lisboa tem uma relação especial com o seu santo padroeiro. Tão especial que, em 1934, o Papa oficializou o que já todos sabiam: Santo António é o padroeiro da cidade (embora, tecnicamente, o padroeiro da diocese continue a ser São Vicente; afinal, quem é que liga às formalidades quando se está a dançar no meio de Alfama?).


O amor é tanto que todos os anos, a 13 de junho, a cidade pára para celebrar o “rapaz da Sé”.


Como se festeja? Com tudo o que há de bom. E mais alguma coisa.


As Festas de Lisboa são como o Santo: populares, alegres e com capacidade para reunir pessoas. Na noite de 12 para 13 de junho, a cidade transforma-se num arraial gigante: há marchas na Avenida da Liberdade, festas nos bairros, bandeirinhas por todo o lado e, claro, sardinha assada em abundância!


E se há um momento querido do povo, é o dos Casamentos de Santo António, um clássico lisboeta em que vários casais dizem “sim” ao mesmo tempo, com direito a bolo, roupa a condizer e reportagem televisiva. Diz-se que Santo António ajuda a encontrar o par ideal. Só ainda não sabemos se também paga a renda.


E no resto do país? Ele também é estrela.

No entanto, o culto não se fica por Lisboa. Santo António é um dos três Santos Populares, juntamente com São João (o favorito do Porto) e São Pedro (o padroeiro dos pescadores). Em todo o país há festas em honra de Santo António, com procissões, pão benzedor, promessas e até ranchos folclóricos cujas letras rimam "amor" com "valor".


É também o santo a quem muita gente recorre quando perde as chaves, a carteira ou a paciência: “Santo António, Santo António, faz com que eu encontre o que perdi!” — e, por vezes, resulta mesmo.


Um santo de fama e coração


Santo António é mais do que um nome num calendário. É símbolo de fé, mas também de alegria, de convívio e de partilha. Lisboa enche-se de cor, o país sorri e as tradições saem à rua com orgulho. Ele é o santo casamenteiro, o santo dos milagres, o santo que, pelo menos por um dia, consegue pôr todos a cantar a mesma música (com ou sem afinação).


Viva Santo António!

E já agora... se vir um manjerico com uma dedicatória suspeita, não estranhe. Em Lisboa, isso é praticamente poesia sagrada.

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