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O Verão de São Martinho: quando o outono decide fazer uma pausa

  • Foto do escritor: Mánela Cinco das Três®
    Mánela Cinco das Três®
  • 16 de out.
  • 3 min de leitura

Este outono de 2025 parece ter trocado o casaco por uma t-shirt. Já devíamos estar a suspirar pelo chocolate quente, mas a verdade é que, a 16 de outubro, o sol continua firme em Portugal continental, convidando a passeios, esplanadas e até a mergulhos tardios.


Parece que o verão de São Martinho começou antecipadamente — ou talvez São Martinho tenha decidido prolongar o calro este ano. Mas, afinal, quem foi São Martinho? E por que motivo o seu nome está associado a este curioso episódio de calor fora de época?


A lenda que deu nome ao calor de novembro


Tudo remonta ao século IV, quando o soldado romano Martinho de Tours, em viagem, enfrentou uma tempestade fria e impiedosa. No caminho, deparou-se com um mendigo enregelado, sem agasalhos.


Num gesto de pura compaixão, Martinho pegou na espada, cortou a sua capa ao meio e ofereceu uma das metades ao homem. Pouco depois, as nuvens abriram-se e o sol brilhou com uma intensidade inesperada.


Aquele episódio ficou para sempre gravado na memória popular e o fenómeno meteorológico que se repete em novembro ficou conhecido como "Verão de São Martinho", em homenagem ao homem que soube aquecer o mundo com um simples gesto.



Entre o milagre e a meteorologia


Claro que, ao longo dos séculos, a ciência procurou explicar o fenómeno. O chamado "veranico" de novembro é uma fase de estabilidade atmosférica que ocorre quando uma massa de ar quente se instala sobre a Península Ibérica, afastando temporariamente o frio e a chuva.


No entanto, sejamos sinceros: "anticiclone de origem subtropical" não soa tão encantador quanto "milagre de São Martinho". Nós, portugueses, que gostamos de atribuir uma alma às coisas, preferimos acreditar que o santo continua a olhar por nós e a enviar-nos alguns raios de sol quando mais precisamos.


Castanhas, vinho novo e tradição à portuguesa


Se há coisa que o povo português sabe fazer bem, é transformar o tempo em festa. A 11 de novembro comemora-se o magusto, com castanhas assadas e prova de vinho novo, uma tradição que atravessa séculos e regiões.


A expressão "No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho" diz tudo. É o momento de reunir a família e os amigos, aquecer as mãos junto à lareira e deixar o fumo das castanhas criar memórias no ar.


O cheiro a castanha é, afinal, o perfume oficial do outono português e recusar uma nesta altura devia, no mínimo, ser considerado uma falta de civismo sazonal.



Um santo, uma história, uma herança


O nome "São Martinho" vem de Martinho de Tours, que nasceu na atual Hungria e se tornou bispo em França. Tornou-se um dos santos mais venerados da Idade Média, símbolo de solidariedade, humildade e caridade.


A sua história espalhou-se pela Europa, encontrando em Portugal um eco natural: um país onde o calor humano é quase uma religião e qualquer boa desculpa serve para acender o lume e erguer um copo de vinho.


Por isso, ainda hoje, as feiras de São Martinho e os magustos populares mantêm viva a herança de partilha, luz e alegria.


O calor que vem de dentro


Mais do que um fenómeno meteorológico, o Verão de São Martinho é um lembrete de que a generosidade aquece mais do que o sol.


Mesmo nos dias mais frios, há sempre espaço para um gesto bondoso, um sorriso partilhado ou um brinde à vida. Talvez por isso este seja, no fundo, o verão mais bonito de todos: aquele que nasce no coração.



No Diário da Mánela Cinco das Três®, acreditamos que o verdadeiro bem-estar também se encontra nestes momentos — nos dias em que o tempo abranda e o calor humano se torna protagonista.


Aproveite este outono que teima em ser verão, aqueça as mãos, partilhe castanhas e celebre a generosidade que faz de São Martinho um exemplo intemporal.


Leia mais artigos sobre bem-estar, tradição e equilíbrio em manela5das3.pt

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