A Tragédia do Elevador da Glória: dor, memória e o peso da história
- Mánela Cinco das Três®
- há 5 dias
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O início de setembro de 2025 ficará gravado na memória coletiva de Portugal e do mundo pelas piores razões. O acidente no Elevador da Glória, em Lisboa, resultou já em 17 vítimas mortais confirmadas até às 10:00 do dia 4 de setembro e mais de duas dezenas de feridos, alguns em estado crítico (RTP, NiT). Um episódio que, em poucos segundos, transformou um dos símbolos históricos e turísticos da cidade num cenário de horror e luto.
O drama humano
Entre as histórias mais comoventes está a do menino alemão de três anos, resgatado vivo dos escombros pela Polícia de Segurança Pública. O pai faleceu no local; a mãe encontra-se internada em estado crítico. A imagem desta criança, órfã de pai e mergulhada numa tragédia incompreensível, tornou-se símbolo pungente de uma dor que atravessa fronteiras (Rádio Vale do Minho).
No local, mais de 60 bombeiros e 22 viaturas responderam de imediato (Cadena SER). Mas também cidadãos comuns ajudaram no resgate, prestando apoio a feridos, e telefonemas às famílias.
Nos hospitais, a solidariedade continuou: médicos e enfermeiros que já tinham terminado o turno apresentaram-se voluntariamente, reforçando as equipas e provando que a dedicação à vida humana está acima de horários.
Uma cidade em luto, um país em choque
O Governo português decretou um dia nacional de luto e a Câmara Municipal de Lisboa três dias de luto municipal (SIC Notícias, Wikipédia PT). Bandeiras a meia-haste e minutos de silêncio marcaram a dor de um país inteiro.
As condolências chegaram de todo o mundo. Ursula von der Leyen, Pedro Sánchez e Antonio Tajani (Ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália) juntaram-se a muitos outros líderes internacionais ao expressarem solidariedade, provando que Lisboa será, por dias, centro da atenção global (The Guardian).
As causas e as investigações
As primeiras informações apontam para a rotura de um cabo de segurança, que fez o carro número 1 descer descontrolado até embater num edifício. O carro número 2 chegou a mover-se, mas não descarrilou (Wikipédia PT).
Embora a Carris afirme que a manutenção estava em dia, já se fala em alertas internos de falhas antes do acidente. O Ministério Público e o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Ferroviários estão a investigar.
Na sequência da tragédia, a Câmara Municipal de Lisboa determinou a suspensão temporária do funcionamento dos elevadores da Bica, do Lavra e da Glória, enquanto decorrem inspeções de segurança. (RTP)
Os elevadores de Lisboa: Glória, Bica, Lavra e Santa Justa

O Elevador da Glória, inaugurado a 24 de outubro de 1885 por Raoul Mesnier du Ponsard, liga a Praça dos Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara. Com apenas 265 metros de percurso, mas um declive acentuado, é o mais utilizado dos ascensores de Lisboa (Wikipédia PT).
Mas Lisboa tem outros elevadores históricos que completam este património singular:
Elevador do Lavra (1884) – o mais antigo, liga a Rua Câmara Pestana ao Jardim do Torel.
Elevador da Bica (1892) – o mais fotografado, descendo até ao Cais do Sodré, com vista sobre o Tejo.
Elevador de Santa Justa (1902) – também de Mesnier, com 45 metros de altura, liga a Baixa ao Largo do Carmo e é ícone arquitetónico da cidade.
Estes elevadores não são apenas transportes. São símbolos da identidade lisboeta, adaptando a cidade às suas colinas e oferecendo, ao mesmo tempo, funcionalidade e encanto turístico. Desde 2002, os elevadores da Glória, da Bica e do Lavra são classificados como Monumentos Nacionais, reforçando o seu valor cultural e patrimonial.
Reflexão final
Lisboa chora. Portugal chora. Mais do que estatísticas, são vidas interrompidas, famílias despedaçadas e um símbolo da cidade transformado em ferida aberta.
O menino alemão salvo dos escombros, os cidadãos que ajudaram sem hesitar, os médicos que correram para os hospitais fora de turno e as forças de segurança e equipas de resgate que atuaram com enorme prontidão — todos eles recordam-nos que a humanidade é mais forte do que a tragédia.
O acidente do Elevador da Glória obriga-nos a agir: a preservar o património histórico com o mesmo cuidado com que preservamos vidas, a reforçar a manutenção, a exigir responsabilidade. Porque os elevadores de Lisboa são parte da alma da cidade — mas só terão futuro se forem, acima de tudo, seguros.
Que a memória dos que partiram inspire esse futuro: mais atento, mais humano e digno da confiança de quem faz de Lisboa o seu lar ou o seu destino.
Na Mánela Cinco das Três®, unimo-nos em silêncio e com profundo respeito às famílias enlutadas pela tragédia do Elevador da Glória, partilhando a imensa dor de uma perda inexprimível.
Em nome de toda a equipa da Mánela Cinco das Três®, deixamos a nossa mais sentida homenagem, o nosso respeito e as nossas condolências às famílias e amigos das vítimas.
Neste dia de luto nacional e nos três dias de luto em Lisboa, o nosso coração está convosco.